Fundação Toyota do Brasil comemora 8 anos de atividades com soltura de peixe-boi no Nordeste
Mais uma conquista marca o oitavo aniversário da Fundação Toyota do Brasil. Celebrado no dia 1º de abril, a entidade antecipou a comemoração com mais um soltura de peixe-boi marinho (Trichechus manatus) em Porto de Pedras (AL), interior da APA Costa dos Corais, na última quarta-feira, dia 29. A ação faz parte do projeto Toyota APA Costa dos Corais, apoiado pelo braço social da montadora desde 2011 em parceria da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A soltura é a segunda em 2017 e este é o 46° peixe-boi marinho devolvido à natureza no Brasil desde 1994. A APA Costa dos Corais é o único sítio de soltura atualmente em operação no país. Outras ativi dades na região também têm fortalecido a preservação ambiental como a criação de novas Zonas de Preservação da Vida Marinha (ZPVM), áreas fechadas onde não é permitida nenhuma atividade humana com exceção de pesquisas científicas e o reforço de novos parceiros para o projeto, o Instituto Biota e os Jovens Protagonistas da Costa dos Corais.
O peixe-boi que foi solto é Diogo, um macho de aproximadamente seis anos, que encalhou na praia Diogo Lopes, no Rio Grande do Norte e foi resgatado pela equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB), da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. Após reabilitação, Diogo foi transferido para a base do ICMBio em Porto de Pedras (AL). Até os quatro anos de idade o animal aceitava apenas a mamadeira como alimento e, após um período de treinamento pela equipe de veterinários e tratadores, passou a aceitar os demais alimentos ofertados. Atualmente está clinicamente apto para ser devolvido à natureza.
“O peixe-boi está sendo monitorado por meio de microchips e transmissores por satélite para que a equipe possa acompanhar a adaptação de Diogo à natureza, e interferir, caso o animal esteja com algum problema”, explica Fernanda Attademo, veterinária do Programa Peixe-boi. De acordo com a especialista, o acompanhamento permite gerar dados que auxiliarão os pesquisadores a definir áreas importantes para a conservação da espécie.
Com Diogo, desde 1994, 46 peixes-boi foram resgatados de encalhes e devolvidos à natureza pela iniciativa. A ação contribuiu para que a espécie deixasse de constar na categoria “Criticamente em Perigo”, sendo listada na categoria “Em Perigo” da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção em 2014. Atualmente, especialistas contabilizam até 1000 peixes-boi entre Alagoas e o Amapá. Antes eram apenas 500 estimados. Historicamente, distribuídos ao longo do litoral do Espirito Santo até o Amapá, a população do peixe-boi foi diminuindo principalmente devido à caça. Sua baixa taxa reprodutiva também dificulta o repovoamento.
“Hoje a ameaça não é muito mais a caça, mas a perda do habitat, especialmente os manguezais que estão sendo depredados para criação de camarões em cativeiro. Como todo mamífero, a gestação do peixe-boi é demorada. São em média 13 meses de gestação e mais dois anos amamentando. Eles só atingem a maturidade sexual aos seis anos e podem viver até 60”, esclarece Iran Normande, chefe da APA e responsável pelo Programa Peixe-boi na Unidade de Conservação.
A iniciativa do Programa Peixe-boi/CEPENE (Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste) faz parte da estratégia de reintroduzir peixes-boi como forma de reconectar duas populações do animal existentes no litoral brasileiro que hoje estão isoladas: a do litoral do Amapá, e a da Costa dos Corais. Este trabalho proporciona o fluxo gênico da espécie, ou seja, a sua união, reduzindo assim as suas chances de extinção.
Com o apoio da Fundação Toyota do Brasil, entre 2015 e 2016, mais seis peixes-boi foram reintroduzidos em seu habitat natural depois de passarem por adaptação na área de aclimatação localizada no Rio Tatuamunha, em Alagoas. Recentemente, um novo recinto no estuário também foi construído, dessa vez, para abrigar os indivíduos inaptos à soltura e que poderão servir de sensibilização aos turistas. É importante ressaltar que todos os animais são colocados em ambiente natural para que possam se acostumar com o seu habitat antes da soltura. Porém, alguns animais, após algumas tentativas de reintrodução, rejeitam o convívio em ambiente aberto, apresentando perda de peso, ferimentos e se tornando presas fáceis. Por isso, alguns retornam para os recin tos.
“Esse resultados nos deixam muito felizes e animados em trabalhar com organizações sérias e comprometidas. A Fundação Toyota vai continuar apostando em ações e parceiros, realizando práticas verdadeiramente sustentáveis com foco na formação de cidadãos e na preservação do meio ambiente”, afirma Percival Maiante, presidente da Fundação Toyota do Brasil.
A recuperação
O nascimento do filhote de peixe-boi marinho no Rio Tatuamunha, em Alagoas, anunciado pelo Programa Peixe-boi do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2016, foi o primeiro filhote nascido no estuário desde o início das atividades, em 1994. O Bacuri, como foi apelidado, é filho de Aira, fêmea reintroduzida em 2009, pelo programa.
“O Programa Peixe-Boi existe em Alagoas desde 1992. A primeira soltura aconteceu em 2008. Esses nascimentos são indicativos de que estamos no caminho certo para o repovoamento da espécie nessa região. Estamos muito felizes e otimistas”, comemora Iran.
Curiosidades do peixe-boi marinho
São mamíferos herbívoros, alimentando-se de 8% a 13% de seu peso de plantas como o capim-agulha e folhas de mangue;
Podem atingir 600 quilos e medir até quatro metros;
A população diminuiu drasticamente principalmente devido a caça;
A reprodução da espécie gira em torno de 12 a 14 meses, levando dois anos para se reproduzir novamente;
O animal pode ficar até cinco minutos em baixo da água sem respirar. Se estiver em repouso, o animal pode permanecer até 20 minutos submerso.
20 anos de APA Costa dos Corais
Junto à Fundação Toyota, neste ano, a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, que abriga o segundo maior ambiente recifal do mundo, celebra 20 anos dos 413 mil hectares de área protegida entre 3 municípios de Pernambuco e 10 de Alagoas, instituídos por Decreto Federal.
Entre os principais resultados desde 1997 está a criação da Zona de Preservação da Vida Marinha (ZPVM) de Tamandaré, em Pernambuco. Fechada há 17 anos, a área é coordenada pelo Instituto Recifes Costeiros (Ircos), entidade que registrou significativo aumento das espécies que vivem na região, demonstrando o sucesso no processo de fechamento de área para a conservação marinha e a importância de um monitoramento de longo prazo.
A criação de Zonas de Preservação está prevista no plano de manejo da APA Costa dos Corais, que ganhou mais força, em 2011, com a parceria público-privada entre a Fundação Toyota do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Com os objetivos de proporcionar o aumento dos estoques pesqueiros, preservar e garantir a evolução natural dos ambientes marinhos dentro da Unidade de Conservação (UC) e elevar a produção pesqueira em áreas adjacentes, a região ganhou mais duas ZPVMs em Japaratinga e Maragogi, no estado de Alagoas.
“Nós estamos na sétima Unidade de Conservação mais visitada do Brasil, entre 320 que existem. É fundamental, além do trabalho de conservação que realizamos junto aos parceiros, convidarmos os turistas para fazer parte dessa ação ordenada e sustentável. Para cada ZPVM, nós criamos também as Zonas de Visitação (ZV) para que o público possa desfrutar da nossa natureza que é extremamente rica”, explica Iran Normande, chefe da APA e analista ambiental do ICMBio. De acordo com o plano de manejo, as ZVs podem ser destinadas ao uso turístico empresarial ou de base comunitária, conforme objetivo da região e conservação de habitat.
Como exemplo, após o fechamento da área em Tamandaré, especialistas identificaram um local conhecido como Poço do Mero, onde exemplares desse animal (Epinephelus itajara), que é ameaçado de extinção, começou a ser avistado após a criação da ZPVM. Apesar da conquista, o trabalho de conscientização com moradores da região não foi fácil. Mauro Maida, oceanógrafo e professor da Universidade Federal de Pernambuco, explica que houve muita resistência por parte dos pescadores, já que a iniciativa restringe a segunda maior atividade econômica na área delimitada.
“No início muitos pescadores reclamaram, mas hoje são favoráveis. Perceberam que com a moratória os peixes maiores e crustáceos aos poucos voltaram a colonizar a área e passaram a frequentar as regiões adjacentes à ZPVM”, explica Maida, que também é conselheiro do Ircos.
Na área de fechada não é permitida nenhuma atividade humana com exceção de pesquisas científicas. A ZPVM de Maragogi, fica a cerca de 6 quilômetros da costa numa área de aproximadamente 72 hectares conhecida como “Pedra do Meio”, entre as piscinas naturais de Taocas e Galés. Já a ZPVM de Japaratinga fica localizada entre as áreas dos Cordões e João Martins, em uma área de 234 hectares e perímetro de 6,6 quilômetros.
Novos parceiros integram o projeto Toyota APA Costa dos Corais
Desde 2011, as entidades locais parceiras da Fundação Toyota do Brasil, vêm garantindo a conservação da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. Nos últimos meses, a ação ganhou reforço com o Instituto Biota de Conservação, que desenvolve pesquisas para proteção da fauna e da flora e a conservação de mamíferos aquáticos e das tartarugas marinhas na região sul da APA Costa dos Corais, nos municípios alagoanos de Maceió, Paripueira e Barra de Santo Antônio.
Em três anos, o Instituto Biota registrou um aumento de 155% no número de ninhos nas praias monitoradas. Segundo Bruno Stefanis, diretor executivo do Instituto Biota, recém monitorada, a região tem grande potencial para ser uma das que mais recebem tartarugas para desova no Brasil. “Ainda precisamos realizar mais pesquisas e ampliar nosso monitoramento. Mas de acordo com nossos estudos é bem possível que daqui alguns anos teremos o maior número de desova de tartarugas por quilometro de praia do atlântico sul”.
Em 2016 foram registrados 114 ninhos em um pouco mais de um quilômetro de praia monitorada em Maceió. Na temporada 2014/2015, especialistas encontram 85 desovas nessa mesma praia. De acordo com Stefanis, em cada ninho é possível encontrar até 120 ovos e cerca de 70% nascem. No entanto, de cada mil filhotes que nascem somente um ou dois conseguem atingir a maturidade.
São inúmeros os obstáculos que enfrentam para sobreviver, mesmo quando se tornam juvenis e adultos. Além dos predadores naturais, a pesca incidental com redes e anzóis é uma das principais ameaças à população da espécie. Presas nos diversos tipos de redes e anzóis, não conseguem subir à superfície para respirar e acabam morrendo asfixiadas. O trânsito de veículos nas praias de desova e a destruição do habitat para desova pela ocupação desordenada do litoral também são um risco para as tartarugas marinhas.
A instalação de luzes artificiais na areia desorientam os filhotes, que seguem para a direção oposta ao mar e se tornam presas fáceis. Não menos importante, a poluição dos oceanos é outro grande perigo. “As tartarugas acabam confundido o lixo que chegam as praias com alimento. Ingerindo embalagens como o plástico o animal corre risco de morrer de inanição, já que algumas tartarugas simplesmente param de se alimentar porque sentem o volume “indigesto” no estômago”, explica Stefanis.
A caça para fabricação de produtos e a coleta dos ovos para consumo já são menos frequentes, mas em alguns locais essas práticas são mais uma dificuldade para a vida dessa espécie.
As cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil continuam ameaçadas de extinção, segundo critérios da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção e da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Das cinco que ocorrem no Brasil, quatro desovam no litoral alagoano: A tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys olivacea), cabeçuda (Caretta caretta, e a verde (Chelonia mydas).
Uma das principais ações realizadas pelo Instituto Biota para tentar reverter essa situação é a campanha informativa ‘Encalhou?!’. Trata-se de uma campanha informarmativa, que visa divulgar os telefones de contatos da ONG, bem como difundir o uso de um aplicativo gratuito (Biota Mar) a fim de proporcionar maior eficácia no registro das ocorrências reprodutivas e no atendimento de animais encalhados na região. “A nossa intenção é ampliar a comunicação com a comunidade, formando uma rede de colaboradores. Essa atividade está sendo extremamente importante para mapearmos e analisarmos a incidência de encalhes na região e até mesmo o registro de espécies”, afirma o diretor executivo.
O App Biota Mar é compatível com as plataformas Android e iOS. Para realizar o download, localize o aplicativo na área de pesquisa do Google Play, para Android, ou do App Store, para iOS e clique em Instalar.
Educação, o instrumento de transformação social
Outra contribuição para o projeto são os Jovens Protagonistas da Costa dos Corais, grupo de estudantes que promove uma rede de coleta seletiva de resíduos sólidos, pesquisas de campo, seminários, fóruns e eventos como as solturas de peixe-boi. Inseridos no projeto, os jovens ampliam e qualificam a participação da juventude em ações de conservação na região e já atingiram mais de 2.000 crianças e adolescentes.
No último mutirão de limpeza em praias em março, mais de 100 voluntários se juntaram ao grupo e recolheram mais de 269 quilos de resíduos. Os materiais de plásticos e vidro foram destinados à reciclagem. Fabiano Faria, integrante do Jovens Protagonistas, explica a importância “Muito além de retirar os lixos das praias, é fundamental que provoquemos na população a necessidade do ciclo correto do resíduos como a destinação, seu gerenciamento e geração. Mais do que isso é trabalhar a conscientização nas comunidades. A educação é a base de tudo”, defende.
O Projeto Jovens Protagonistas da Conservação na APA Costa dos Corais foi instituto por meio de uma parceria entre o Instituto Bioma Brasil, a Associação Milagrense de Turismo Sustentável (Amitus) e o Instituto Yandê, em parceira com a, Fundação Toyota do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Desde 2011, a ação conserva recifes de corais, protege as áreas de manguezais e preserva o habitat do peixe-boi marinho, um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção, além de promover a formação consciente de cidadãos e a capacitação de profissionais.
Ainda na área educacional, o Guia Didático Maravilhosos Manguezais do Brasil é o carro-chefe da região. O material entrou no cronograma pedagógico do município de São José da Coroa Grande como projeto para o ano letivo de 2016, atingindo quatro mil estudantes. O material inicialmente concebido para o Caribe e testado pelo Mangrove Action Project, passou por um processo de adaptação para o Brasil por meio do Instituto Bioma Brasil (IBB) e já foi aplicado em quatro municípios da APA Costa dos Corais, capacitando mais de 120 representantes de ensino.
Já o Instituto Yandê capacita 55 profissionais do projeto “Jangadeiros da Rota Ecológica” por meio de palestras e oficinas. O objetivo é que eles disseminem as informações sobre os ecossistemas da região como recifes de coral, estuários, manguezais, praias e mata atlântica e sensibilizem os visitantes sobre a necessidade de conservação dos ambientes.
O apoio de moradores e empresários locais também é extremamente importante para a APA Costa dos Corais. O “Projeto Cidade Verde”, desenvolvido pela Amitus conta o suporte da população para realizar mutirões de limpeza e a conscientização ambiental na região com outros residentes e visitantes. Em um único dia o mutirão chega a recolher mais meia tonelada de lixo, sendo que parte dele é destinado para reciclagem.
Para completar as ações com foco na preservação e em questões socioeconômicas, como o ordenamento do turismo de baixo impacto, o projeto incentiva também as manifestações culturais e contribui para o resgate da cultura regional. “A formação socioambiental das comunidades costeiras é um trabalho fundamental para atingirmos nossos objetivos. Nesse sentido, continuaremos trabalhando sempre focados na importância da conscientização de turistas e moradores da região. Uma vez conscientes da importância de recursos naturais, iremos utilizá-los de forma mais ordenada e responsável”, completa Percival Maiante, presidente da Fundação Toyota do Brasil.
No Pantanal sul-mato-grossense
Desenvolvido no Pantanal sul-mato-grossense, o projeto Arara Azul monitora aves que vivem em 745 ninhos, espalhados por 57 fazendas da região com apoio logístico da Fundação Toyota do Brasil, por meio de picapes Hilux 4×4, que chegam a áreas de difícil acesso, ampliando o monitoramento de ninhos do projeto. Os resultados positivos têm fortalecido o projeto. Em 2013, a Fundação Toyota financiou a construção do Centro de Sustentabilidade do Instituto Arara Azul, em Campo Grande (MS). No fim da década de 1980, a arara-azul chegou a somar apenas 1.500 indivíduos. Hoje, estima-se mais de 5.000 aves no Pantanal. E no recente estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a espécie saiu da lista brasileira de animais ameaçados de extinção depois de três d&eacut e;cadas.
Projetos Locais
Localmente, a Fundação Toyota do Brasil desenvolve uma série de atividades voltadas para a área socioeducacional nas cidades em que a montadora possui unidades – Guaíba (RS), Indaiatuba (SP), São Bernardo do Campo (SP), São Paulo (SP), Sorocaba (SP) e Porto Feliz (SP) -, como é o caso, por exemplo, do projeto Ambientação, ação que utiliza a metodologia exclusiva da Toyota para identificar problemas e buscar soluções sustentáveis. Entre as ações estão reflorestamento, gerenciamento de resíduos e uso racional de energia elétrica e água. Durante cinco anos, mais de 515 mil pessoas foram capacitadas, incluindo alunos da rede pública, funcionários da prefeitura e a comunidade.
Fonte: Fundação Toyota do Brasil