ARTIGO: Manutenção veicular em tempos de pandemia
Manutenção veicular em tempos de pandemia
*Hélio da Fonseca Cardoso
Obviamente por um motivo que não queríamos, nos vemos neste momento presos dentro de nossas residências em nosso local de trabalho. Nossos veículos estão rodando muito menos do que normalmente faziam e isso preocupa.
Veículos parados, ao contrário do que muitos pensam, são passíveis de problemas que podem se apresentar assim que voltem a rodar normalmente. O primeiro e talvez o mais importante, é que o combustível que está no tanque tem vida útil e ao longo do tempo degrada-se e pode provocar danos ao motor. Desta forma, é conveniente que se utilize o combustível que está no tanque sem reposição se não for utilizar o veículo ou for rodar pouco e que o abastecimento aconteça de forma gradual.
Outro ponto importante é a bateria. Mesmo sem utilização, os veículos modernos têm elementos elétricos e eletrônicos que ficam consumindo energia da bateria, ainda que o veículo esteja desligado, o que faz com que a carga da bateria diminua progressivamente. Por isso é recomendado rodar com o veículo pelo menos por alguns quilômetros para manter a carga em níveis aceitáveis. É conveniente, ainda, falar que alguns equipamentos eletrônicos têm funcionamento irregular quando a carga da bateria está baixa e podem apontar defeitos que não existem, sendo apenas uma deficiência da energia vital da bateria.
Outros componentes que sofrem com a parada do veículo por tempo prolongado são os pneus, que pela perda de pressão podem ficar achatados e, dependendo da situação, nunca mais voltar ao normal. Neste caso é recomendado que se rode com o veículo, mesmo que por poucos quilômetros, e que se observe a perfeita calibração de acordo com o recomendado pelo fabricante. É importante salientar, também, que a calibração dos pneus deve ser efetuada sempre com os pneus frios, sendo que o veículo poderá rodar até três quilômetros para este serviço. Após esta quilometragem, não se deve efetuar a verificação da pressão.
Ainda sobre a pressão correta, esqueça aquela informação normal nos postos de combustível, “põe 30 libras nos quatro pneus?”. Normalmente a pressão não é igual para todos os pneus. Lembre-se, também, de calibrar o estepe, quando existir, a pressão do sobressalente deve ser a maior recomendada entre os quatro pneus. No limite, quando o veículo ficar muito tempo parado, é conveniente que se utilizem cavaletes para levantá-lo e evitar deformações.
De maneira geral, a limpeza do veículo como um todo deve ser realizada periodicamente. Pó, fezes de pássaros e outras sujidades podem impregnar na pintura com difícil remoção. Outra dica é que o veículo encerado é mais fácil de se manter sem pó.
O período também é propício para manter as revisões em dia, já que as concessionárias autorizadas estão abertas, em sua maioria. Isso também pode ser feito em uma oficina de confiança.
Por último, é conveniente lembrar que a troca do óleo nos períodos recomendados é essencial para o prolongamento da vida do motor do veículo. Note que a troca deve ser efetuada na quilometragem recomendada ou no tempo recomendado. Normalmente 10.000 km ou um ano, o que primeiro ocorrer.
O óleo do motor, assim como o combustível, tem vida útil, perdendo suas características principais, ou seja, de lubrificar e reduzir a temperatura interna do motor. Lembre-se que as características do óleo devem ser aquelas que constam do manual do proprietário e que a alteração provocará danos irreversíveis internamente. Óleo sintético só é bom para motores para os quais sejam especificados.
Então, já que agora temos tempo, vamos aproveitar para cuidar do nosso companheiro inseparável, nosso veículo. Com certeza cuidar da sua manutenção, além de deixá-lo em dia e bonito, será uma forma de aproveitar bem este tempo de crise que logo acabará.
*Hélio da Fonseca Cardoso – Engenheiro Mecânico; Membro da Comissão Técnica de Segurança Veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva); Diretor do IBAPE/SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo gestão 2010/2011 e gestão 2012-2013; Pós Graduado em Perícias e Avaliações de Engenharia e Gestão de Negócios; Pós Graduando em Direito do Consumidor e Novas Tecnologias; Especialista em Transporte; Professor de Inspeção, Perícias e Avaliações de Veículos Automotores dos cursos do IBAPE/SP; coautor dos livros: “Inspeção Predial” da Ed LEUD e “Perícias de Engenharia”, Ed PINI, autor dos Livros Veículos Automotores: Identificação, inspeção, Vistoria, avaliação, Perícia e Recall (2018- 2ª edição), Automóvel Sem Mistérios (2013), Recall em Veículos Automotores: O que há por trás disso? (2015) e Automóvel sem Mistérios dois (2019); autor de artigos técnicos publicados em revistas especializadas sobre Veículos Automotores e Recall; Autor de trabalhos técnicos apresentados em Seminários e Congressos Internacionais da SAE, AEA e IBAPE; Colaborador da “Norma Básica para Perícias de Engenharia” e do “Estudo de Vidas Úteis para Máquinas e Equipamentos” do IBAPE-SP; Perito Judicial e Advogado.